Do regresso de Francis Ford Coppola, 45 anos após a segunda Palma de Ouro, à entrada em competição do francês Gilles Lellouche e a um filme sobre Donald Trump: eis os 22 filmes que concorrem à Palma de Ouro do 77º Festival de Cannes (14-25 de maio):
“The Apprentice” de Ali Abbasi
Depois de “Holy Spider”, o realizador dinamarquês de origem iraniana surge onde menos se espera com um filme sobre um jovem Donald Trump que constrói um império imobiliário durante os anos 70 e 80.
“Motel Destino” de Karim Aïnouz
Recentemente em destaque com “Firebrand”, em competição no ano passado em Cannes, o brasileiro foi ao Nordeste filmar uma “comédia sexual” centrada no desejo.
“Bird” de Andrea Arnold
Dinamizadora de filmes sociais, a realizadora britânica receberá em Cannes o prémio Carrosse d’Or que distingue uma cineasta ousada. No seu novo filme reúne um duo explosivo, Barry Keoghan e Franz Rogowski, que interpretam uma história familiar passada nas franjas da sociedade.
“Emilia Perez” de Jacques Audiard
Um filme em língua espanhola que cruza o mistério e a comédia musical, tendo como pano de fundo o tráfico de droga no México e a transição de género… Uma mistura explosiva, protagonizada por Selena Gomez e Zoe Saldaña.
“Anora” de Sean Baker
Figura do cinema independente norte-americano, o realizador de “The Florida Project” acompanha a viagem de uma trabalhadora do sexo entre Nova Iorque e Las Vegas.
“Megalopolis” de Francis Ford Coppola
Talvez o filme mais aguardado da competição, com um orçamento de 120 milhões de dólares que Coppola terá reunido graças ao sucesso como vinicultor, sobre a destruição e reconstrução de uma megalópole. Com Adam Driver no papel de arquiteto.
“Shrouds” de David Cronenberg
O canadiano, rei do gore visceral, imagina um sistema que permite aos vivos ligarem-se aos entes queridos, num filme sobre a morte protagonizado por Vincent Cassel e Diane Kruger.
“A substância” de Coralie Fargeat
A francesa que realizou “Revenge” em 2018 orquestra o regresso de Demi Moore à ribalta para um filme gore assertivo, com muito sangue no ecrã.
“Grand Tour” de Miguel Gomes
O realizador português de “Tabu”, de 2012, imagina um funcionário público britânico a viver na Birmânia em 1917 que abandona a noiva para partir numa “grande digressão” pela Ásia.
“Marcello Mio” de Christophe Honoré
Marcello Mastroianni (cujo centésimo aniversário se celebra) é evocado através da sua filha Chiara, da sua mãe Catherine Deneuve e de amigos e familiares.
“Caught by the tides” de Jia Zhang-Ke
O mestre chinês realiza uma epopeia cinematográfica sem precedentes que atravessa todos os seus filmes e 25 anos de história de um país em plena mudança, com a sua musa e mulher, Zhao Tao.
“All we imagine as light” de Payal Kapadia
O realizador filma os desejos de duas mulheres na Índia, incluindo uma enfermeira de Mumbai apanhada num casamento arranjado.
“Kind of Kindness” de Yórgos Lanthimos
O realizador de “Pobres Criaturas” volta a reunir-se com Emma Stone que, desta vez, desempenha o papel de uma mulher que já não é a mesmo após um desaparecimento no mar.
“L’amour ouf” de Gilles Lellouche
Após o sucesso de “Grand bain”, o ator e realizador francês conta a história de amor de um casal inafundável que se conhece no liceu, interpretado por François Civil e Adèle Exarchopoulos.
“Diamant Brut” de Agathe Riedinger
Primeira obra da realizadora francesa, sobre as reviravoltas dos reality shows através da personagem de Liane, de 19 anos, que sonha ser alguém a todo o custo e passa pelo processo de casting para “Miracle Island”.
“Oh Canada” de Paul Schrader
Um documentarista canadiano, acometido por uma doença, concede a última entrevista a um dos seus antigos alunos para contar a verdade sobre a sua vida. Com Richard Gere e Uma Thurman.
“Limonov, The Ballad”, de Kirill Serebrennikov
O cineasta russo no exílio (“Leto”) centra-se no escritor e dissidente político russo Eduard Limonov, interpretado por Ben Whishaw, numa adaptação do romance de Emmanuel Carrère.
“Parthenope” de Paolo Sorrentino
O realizador de “La Grande Belleza” filma os amores impossíveis de uma jovem mulher, tendo como cenário Nápoles, “uma cidade que enfeitiça, encanta, grita, ri e pode magoar-nos”.
“La jeune femme à l’aiguille”, de Magnus Von Horn
Um filme de época sobre a história de Dagmar Overbye, que assassinou dezenas de crianças em Copenhaga na década de 1910 e foi condenada a prisão perpétua.
“La plus précieuse des marchandises” de Michel Hazanavicius
Um filme de animação, o primeiro em 15 anos a ser selecionado para a principal competição de Cannes, sobre uma criança judia que escapa milagrosamente da deportação. Do realizador de “O Artista”.
“A semente da figueira sagrada”, de Mohammad Rasoulof
A história de um juiz de instrução do tribunal revolucionário de Teerão, que se torna paranoico e impõe a sua lei à família. Pouco antes da abertura do Festival, o realizador condenado à prisão pelas autoridades iranianas anunciou que saiu do país após ter sido condenado a cinco anos de prisão.
“Três quilómetros até ao fim do mundo”, de Emanuel Parvu
A história de um rapaz que descobre a sua homossexualidade, é violentamente atacado na rua e enfrenta a rejeição dos outros na aldeia onde nasceu, perto do delta do Danúbio.
Os oito jurados
Greta Gerwig
Antiga musa do cinema independente americano, tornou-se a mulher de todos os recordes com “Barbie”, que a tornou a primeira realizadora a ultrapassar a os mil milhões de dólares de bilheteira. Realizou também “Lady Bird” (2017), uma comédia sobre a adolescência, e uma adaptação modernizada de “Mulherzinhas” (2020). Também protagonizou mais de vinte filmes, incluindo a comédia a preto e branco “Frances Ha”, escrita com o marido, o realizador Noah Baumbach.
Omar Sy
É uma das personalidades favoritas de França e um ator internacionalmente reconhecido, graças ao sucesso da série “Lupin”. Com uma carreira nos dois lados do Atlântico, Omar Sy, 46 anos, teve uma ascensão espetacular, desde os primórdios no humor ligeiro até ao sucesso monstruoso de “Intouchables” e depois em Hollywood, onde se estabeleceu. Ligado às origens senegalesas, marcou presença em Cannes em 2022 com “Tirailleurs”, que abriu uma secção paralela.
Eva Green
Atriz francesa de nome anglo-saxónico, partiu o coração de James Bond num dos filmes com o 007. Eva Green, 43 anos, foi descoberta por Bertolucci em 2003, e prosseguiu a carreira em Hollywood com “Kingdom of Heaven” (2004) e “Casino Royale” (2006). Filha da atriz francesa Marlène Jobert, esta morena de aspeto gótico também filmou três vezes com Tim Burton e, recentemente, foi Milady numa nova versão de “Os Três Mosqueteiros”.
Lily Gladstone
Revelada no ano passado em Cannes no filme de Martin Scorsese “Os Assassinos da Lua das Flores”, a atriz ameríndia de 37 anos acumulou prémios e nomeações em apenas alguns meses, tornando-se um símbolo numa indústria com uma longa história de invisibilização dos povos indígenas. A sua carreira arrancou muito antes, no filme de Kelly Reichardt “Certain Women” (2016), contracenando com Kristen Stewart. Nascida no Montana, filha de mãe branca e pai ameríndio, Lily Gladstone apaixonou-se pelo cinema depois de ver “O Regresso de Jedi”, da saga “Guerra das Estrelas”.
Pierfrancesco Favino
Figura incontornável do cinema italiano, Pierfrancesco Favino, 54 anos, foi várias vezes homenageado em Cannes: em 2019, como fugitivo da máfia em “O Traidor”, de Marco Bellocchio, e em 2022, em “Nostalgia”, como um homem preso ao passado em Nápoles. Os seus desempenhos foram elogiados em ambas as ocasiões, mas não ganhou nenhum prémio.
O ator, que também faz incursões em Hollywod, ganhou o prémio de melhor ator no Festival de Veneza por “Padrenostro” (2020), sobre os anos de trevas em Itália. Acaba de trabalhar com Pablo Larraìn em “Maria”, com Angelina Jolie no papel de Maria Callas.
Hirokazu Kore-Eda
Vencedor da Palma de Ouro de 2018 com “Shoplifters: Uma Família de Pequenos Ladrões”, o realizador japonês de 61 anos construiu uma obra intimista, destacando “pessoas comuns” ao estilo de Ken Loach, que admira. Autor de crónicas familiares pungentes, é presença assídua em Cannes. “Tal Pai, Tal Filho” (2013), que ganhou o Prémio do Júri. Depois de incursões em França e na Coreia do Sul – “A Verdade” (2019), com Catherine Deneuve, e “Broker – Intermediários”, com Song Kang-ho – filmou “Culpado – Inocente – Monstro”, que ganhou o prémio de Melhor Argumento em Cannes no ano passado.
Juan Antonio Bayona
O realizador espanhol de 49 anos, teve um relativo sucesso este inverno com “O Círculo da Neve”, a história dos sobreviventes de um acidente de avião nos Andes, na década de 1970. O filme foi nomeado para um Óscar e ganhou doze prémios Goya em Espanha. Antes disso, Bayone ganhou fama com “O Orfanato”, o seu primeiro filme, aplaudido de pé em Cannes, em 2007. Em 2012, realizou “O Impossível”, um drama protagonizado por Naomi Watts sobre o tsunami de dezembro de 2004. Em 2016, dirigiu o quinto episódio da série Jurassic Park.
Nadine Labaki
Vencedora do Prémio do Júri no Festival de Cannes de 2018 com “Capharnaüm”, sobre o abuso de crianças, a realizadora libanesa de 50 anos tem vindo a tecer uma história com o Festival há muitos anos. Em 2004, participou na residência Cinéfondation do Festival para o desenvolvimento de “Caramel”, sobre um salão de beleza no Líbano. Retrato entrelaçado de mulheres, este filme tornou-se o maior sucesso do cinema libanês no estrangeiro.
Ebru Ceylan
Conhecida pelas colaborações com o marido, o cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, Ebru Ceylan, 48 anos, começou por se afirmar como fotógrafa. Depois de estudar cinema, trabalhou como atriz e cenógrafa nos primeiros filmes de Ceylan. Co-escreveu os seguintes, culminando em “Sono de Inverno”, que ganhou a Palma de Ouro em 2014. No ano passado, a dupla apresentou o seu primeiro filme em conjunto.
The post Cannes 2024: os filmes e o júri appeared first on RTP Cinemax.